A UE ratifica o acordo de migração, mostrando uma mudança para a direita

BRUXELAS – A União Europeia assinou um acordo histórico na quarta-feira para revisar a política de migração, um acordo político que sinaliza uma mudança mais ampla e de direita em toda a Europa.

Os detalhes completos do acordo, alcançado após anos de discussões e dias de maratonas de negociações, ainda não foram divulgados, e o plano ainda precisa ser aprovado formalmente. Mas espera-se que mude muitos aspectos da forma como a UE lida com a migração, desde a vigilância das fronteiras até ao período de tempo que as pessoas podem ser detidas.

“A migração é um desafio europeu comum – a decisão de hoje permitir-nos-á geri-la em conjunto”, tuitou a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen.

À medida que a crise se desenrola em Gaza, a Europa fala em apertar as fronteiras

O sindicato de 27 membros há muito luta para encontrar um terreno comum sobre a questão. Após a pandemia, quando a migração saiu da agenda política – especialmente num contexto de proibições de viagens e fronteiras fechadas – a questão voltou a subir às fases de campanha e às eleições, dando impulso aos esforços da UE.

Embora a UE tenha agido rapidamente para acolher refugiados cristãos, na sua maioria brancos, da Ucrânia, na sequência da invasão da Rússia em 2022, ainda está focada em manter afastados os de outros lugares. Ao longo do último ano, o aumento das chegadas alimentou a politização da política de asilo e de refugiados, levantando a questão em muitas capitais.

Embora domine o debate político em França, Alemanha, Itália, Grã-Bretanha e outros países, o sentimento anti-imigrante dos eleitores impulsionou a extrema-direita a novas vitórias em bastiões do liberalismo social, como os Países Baixos.

Nos primeiros 11 meses de 2023, o continente registou um aumento de 17 por cento nas chegadas irregulares em comparação com o mesmo período do ano anterior. As mais de 355 mil chegadas foram o maior número desde 2016, quando a região assistiu a um influxo histórico liderado por refugiados que fugiam da guerra civil síria.

Em comentários na quarta-feira, as principais autoridades europeias saudaram o acordo como uma vitória para a Europa e para aqueles que tentam desesperadamente – e muitas vezes perigosamente – chegar às suas costas.

“Os europeus decidem quem vem para a UE e quem pode ficar, e não os contrabandistas. Trata-se de proteger aqueles que precisam”, disse van der Leyen.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, classificou o acordo como “histórico” e disse que “permitiria à Europa obter mais controlo sobre a migração, por exemplo através de procedimentos de asilo melhores e mais rápidos nas fronteiras externas da UE”.

Mas os grupos de direitos humanos condenaram as novas medidas, dizendo que minam a protecção dos requerentes de asilo e refugiados e colocam os recém-chegados em risco ainda maior. Estão particularmente preocupados com os planos para avaliar mais rapidamente os pedidos de asilo na fronteira.

“O acordo irá atrasar em décadas a legislação europeia em matéria de asilo”, afirmou a Amnistia Internacional. Relatório. “O resultado é um sofrimento acrescido em cada etapa da viagem de um requerente de asilo para a UE.”

Beatriz Rios, em Granada, Espanha, contribuiu para este relatório.

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